21.8.06

Schaeffer para o Século XXI

17.8.06

Fazendo o papel da Imprensa IV: jornalismo open source

Quando comecei esse blog, o objetivo era dar uma opção de contato para os eventuais leitores de uma coluna meia-boca que mantenho no site da Rede Brasileira de Cosmovisão.... (meia-boca não porque não seja séria, ou porque não gaste tempo para fazê-la, mas porque tenho consciência de que não sou um escritor competente ou um jornalista profissional; meia-boca aqui deve, então ser entendido como um superlativo de diletante...). Por alguma razão, o blog até agora não cumpriu esse propósito, e acredito que o culpado era um link quebrado, e por culpa dele ninguém que acessava a página da coluna chegava ao blog (mas isso já foi consertado). Mas o fato é que esse espaço foi ficando recheado com considerações pessoais sobre uma série de assuntos que vão da violência no sul do Líbano até, e principalmente, ponderações sobre software livre. Tudo muito amador, muito pessoal, de forma que nada que escrevo aqui acrescenta alguma coisa a qualquer discussão séria sobre esses assuntos - e nunca foi essa a intenção (afinal, o nome da coluna e do blog é contra-senso).

Depois desse exercício breve de desconstrução, permanece o fato de que os temas considerados aqui têm sido, basica e curiosamente, dois: software open source e imprensa - temas complexos tratados por um aspirante a blogueiro que não entende nada de TI nem tem formação ou experiência em jornalismo, sob o ponto de vista do desafio de como compartilhar informação e como construir o senso de comunidade no processo criativo, seja ele qual for. De fato, acredito piamente que desenvolvimento passa pelos conceitos de comunidade e partilhamento nos processos, e, graças a D'us!, essa fé é compatilhada por muita gente importante e inteligente. Um dos lugares onde freqüentemente aparecem idéias inovadoras e heterodoxas é o Webinsider. E qual não foi minha supresa, quando passando por lá, vejo duas ou três chamadas de artigos sobre um negócio muito interessante: uma jornal open source. É isso mesmo. Um jornal feito por e com livre colaboração, e que dá certo - a materialização desssa alguma coisa que une os dois temas que andam povoando minha cabeça (e de muito mais gente, é verdade).

O nome é OhmyNews, e nasceu na Coréia do Sul (acho que não poderia ter sido em outro lugar, digo porque mais adiante), e a experiência já conta com 5 anos. A idéia básica é: todo cidadão um repórter, porque todo cidadão é responsável (Guilherme, isso é , ou não é tremendamente calvinista?!). Não é preciso ser jornalista, pertencer a sindicato ou qualquer coisa assim pra publicar no ON. Para colaborar é preciso se inscrever no site, preencher um cadastro e se comprometer com o código de conduta do jornal - o que inclui declarar como a reportagem foi feita, se comprometer a publicar declarações das fontes na íntegra e enviar os arquivos, etc. Desde 2004, o site tem uma versão internacional (em inglês) e recebe cerca de 20 matérias por semana. O esquema todo é gerido por cinco editores, sendo que dois são responsáveis pela checagem das matérias.

Os detratores do modelo são muitos. E não sem razão, ao menos à primeira vista. Como saber se as informações são verdadeiras? Como é possível que apenas dois editores chequem a veracidade de matérias produzidas nos mais diversos lugares do planeta? Perguntas óbvias para quem é portador dos antigos paradigmas. Tratemos das duas primeiras perguntas. Elas sempre são as que parecem acertar em cheio qualquer coisa feita em formato copyleft ou open source, porque tocam na questão de quem garante a qualidade. A resposta é simples e desconcertante: ningúem garante. É isso mesmo. Se você escolhe usar, por exemplo, uma distribuição Linux em seu servidor esperando evitar ataques, mas sofre uma invasão, não há a quem culpar - você adotou a solução de tipo aberta por sua conta e risco. Da mesma forma, se você optou por ler uma reportagem feita num jornal comunitário, ou feito de forma aberta, a escolha foi sua - não há uma pessoa que responda com plena responsabilidade se houver erros ou desinfomação intencional.

Antes de abrir um sorriso de descaso, considere também isso: se você ao invés de usar Slackware Linux, preferir alguma versão Windows para servidores e alguma coisa errada acontecer, a Microsoft não é responsável. Se você usa uma versão original do Windows, pegue sua licença de uso e leia-a atentamente. Veja aí que a Microsoft diz que não se resposabiliza se o produto não responder às suas espectativas, se não se adequar à sua necessidade de uso, se não funcionar perfeitamente em sua máquina, nem se você não conseguir realizar as atividades que pretendia. Ou seja, se algo der errado, vc não pode culpar a empresa do Gates. Gastou um dinheirão pra comprar o software e não pode responsabilizar o fabricante (salvo em caso de defeito de fabricação - e se as pessoas realmente fizessem isso, a Microsoft teria recebido de volta todos os seus produtos... hehehehe), e não vai ter suporte pra resolver o abacaxi, a menos que pague mais uma nota pra equipe de suporte da Microsoft.

No caso do jornalismo, a coisa é bem parecida. Vejamos os casos dos veículos mais creditados: nenhum é imaculado. Até o gigante New York Times ficou desconcertado quando um de seus repórteres foi descoberto: ele fraudava, aumentava, criava e distorcia fontes, informações, e dados para suas matéiras, e fez isso por um tempo considerável. Quem se responsabilizou pelos erros e crimes do jornalista? No final, ninguém. Os editores publicaram editorias, reformularam políticas internas, pediram desculpas. O jornal não perdeu credibilidade, e provavelmente ninguém se sentiu particularmente lesado por ter lido uma reportagem e anos depois ter sabido que fora enganado - e prova adicional disso, é que ninguém processou o Times. Outro exemplo que me vem à memória é o caso de Stephen Glass, que foi contado no filme Shattered Glass. Glass era um jovem jornalista de carreira meteórica, que chegou ao time de escritores do The New Republic na casa dos 20 anos. Pra encurtar a história, 27 da 41 matérias publicadas por ele no Republic eram parcialmente ou inteiramente inventadas. Pasmem: ele só foi descoberto na casa dos 41 artigos (e, segundo o filme, só foi desmascarado por causa de um editor "pelinha").

Então, que diferença faz entre um e outro: não são os dois modelos igualmente vulneráveis? Sim, são vulneráveis na mesma medida. A diferença está no modo de lidar com a vulnerabilidade. No caso do paradigma proprietário (os exemplos da Microsoft e do jornalismo tradicional), os erros são escondidos, ou os proprietários tentam minimizar a sua divulgação. Se descobrem uma falha, tentam escondê-la do público até que já disponham de solução - o que pode demorar muito, ou simplismente não interessar. Quem está de fora não pode se meter: no caso do jornal, há uma equipe contratada e há quem seja pago pra tomar conta das coisas, ninguém se mete na estrutura interna; no caso do software proprietário, os programadores independentes jamais terão acesso ao código fonte dos produtos, e nunca vão poder estudá-lo, muito menos corrigí-lo. Como há um dono, ele é o responsável; mas como ele diz num contrado que não pode fazer nada, não há o que fazer, entendeu? Pois é...

O paradigma open source é o inverso. Como não há um dono, todos são responsáveis. No caso dos softwares, como o código é aberto, as falhas são expostas e, portanto, rapidamente reportadas e publicadas. Assim um número maior de programadores/colaboradores tentam corrigir o problema e fazem um esforço conjunto - uma vez que é do interesse coletivo (e de cada um, se me entendem) que o problema seja resolvido. Se alguém faz uma melhoria num programa open source, ela é compartilhada (necessariamente) como toda a comunidade - e a coisa toda crece em escala geométrica, porque ninguém tem que reinventar a roda. Quanto a um jornal open source, corremos um risco na prática, no máximo, igual a dos jornais convencionais. O que muda é que todos podem participar, publicar e checar informações - a idéia base é a de responsabilidade conjunta, requisito fundamental para a cidadania. Quando o leitor não é considerado um mero receptor, mas um colaborador, a relação muda fundamentalmente - ele é convidado a ser crítico, e não para benefício próprio apenas, mas porque isso é importante para o processo - ser crítico aqui realmente muda as coisas.

O que muda no paradigma open source é que ninguém está sozinho. Se seu servidor rodando Slackware deu pau, você pode recorrer a suporte pago oferecido por profissionais (tal como no caso da Microsoft), ou pode recorrer à rede de colaboradores - alguém pode ter tido o mesmo problema, encontrado uma solução e postado o how to na internet (e isso é muito comum). Mesmo que tenha que pagar por suporte, você paga pelo serviço, nunca pelo produto - o que, sem dúvida, faz uma grande diferença no preço - e a solução pode ser compartilhada.

Se nenhum jornal convencinal se interessa por dado problema ou assunto em sua comunidade, região ao área de atuação, se nenhum veículo publica matérias sobre certo assunto, porque esperar, se o público pode tornar-se produtor no modelo de jornalismo-cidadão? A diferença é um veículo que tope publicar. Já o temos: blogs e, há 5 anos, o OhmyNews. E precisamos de mais.

Eu disse que não se podia esperar que uma coisa como o ON surgisse em outro lugar que não na Coréia do Sul. É verdade. A Coréia vem fazendo as coisas direitinho. Primeiro, o governo sul-coreano entendeu, no fim da II Guerra e da Guerra da Coréia, que o fulcro é a educação. E pensou no longo prazo - afinal, milagres existem e sua varinha de condão chama-se trabalho duro -, investiu pesado e primeiro na alfabetização maciça da população (esmagadoramente analfabeta naquele tempo), na educação básica, depois no ensido médio, ténico e tecnológico, e finalmente na pesquisa e universidade. O resultado apareceu: LG, Samsung, Daewo, etc; a Coréia do Sul é o país "eletronicamente mais linkado" do mundo. O Governo e a iniciativa privada estão bancando um projeto que transformará toda Coréia numa super rede de altíssima velocidade - tudo e todos estarão conectados, compatilhado informação por "manilhas" de bites. Mas nem tudo são chips e telas e plasma: junto com isso, vem crescendo a música, as artes plásticas, o cinema (quem viu Old Boy?), o teatro sul-coreano. Posso estar errado, mas acredito que eles entenderam que "coletar informação é o princípio do conhecimento; compartilhar conhecimento é a base de qualquer comunidade".

Outro mundo é possível, outra atitude é necessária. Temos provas mais que suficientes disso.

Abraço.

Artigos no Webinsider sobre o OhmyNews: "OhmyNews, exemplo de jornalismo open source"; e "Um velho novo jornalismo".

16.8.06

Noite Pare e Pense - 19/08

A Noite Pare e Pense - ou NPP - é um evento mensal promovido pelo Pró-L'Abri Brasil. Num ambiente descontraído e descolado com gente legal, interessante e interessada falamos daquele assuntos que realmente importam: arte, política, universidade e outras polêmicas. Toda noite há uma palestra seguida por um debate aberto, e muita, muita conversa.

O tema dessa edição é: Máquinas e Fantasmas? Visões contemporâneas do humano e a proposta cristã (veja a sinopse). Quem fala é o Rodolfo Amorim (mestrando em Sociologia pela UFMG). Vale a pena conferir.

O NPP acontece a partir das 18:30, na "Tenda Azul do Buritis": Rua Desembargador Edézio Fernandes, 100 - Buritis, Belo Horizonte.

[Como chegar: Saíndo da Av. Raja Gabaglia, sentido Buritis/Av. Mário Werneck, entre na primeira rua à esquerda, seguindo direto até o final - a Tenda Azul fica à direita, meio escondida].

15.8.06

Desviando-se do Mal

Sou um estudante de ciências sociais. Não conheço muita coisa de informática - só o que aprendi lidando com os problemas (infindáveis) de minha pobre máquina, causados exatamente por minha ignorância. Como disse num outro post, sou um novato entusiasta do GNU/Linux e da filosofia ou da idéia base do Open Source. Friso que o entusiasmo está, ao menos por enquanto, relacionado com o que o Software Livre representa enquanto idéia, ideologia ou posicionamento político; porque todo esse interesse ainda não foi suficiente pra me transformar num usuário pleno de qualquer distribuição Linux. Não vou mentir: escrevo esse artigo numa máquina rodando Windows XP, e ilegal (não instalei o Service Pack 2 pra não ter que lidar com aquele programa novo que a Microsoft criou pra detectar cópias ilegais do Windows). Todos os programas proprietários e não-freeware que estão instalados em casa são cópias ilegais - não são piratas porque não comprei de camelôs, mas são instalados a partir de mídias de amigos ou conhecidos, o que ainda é ilegal.

Se há alguma justificativa para se usar software pirata ou instalado a partir de uma cópia ilegal, seria a dependência. Sim, a Micro$oft foi muito eficaz ao aplicar o paradigma do traficante: ofereça gratuitamente as primeiras doses/porções/cópias e forme um dependente - depois cobre o que quiser, seu cliente vai pagar (ele não tem escolha). Assim, temos uma legião de usuários que simplismente não sabem o que fazer diante de outro sistema operacional que seja gratúito ou mais barato (como distros GNU/Linux ou BSD), na verdade não sabem o que fazer quando têm que lidar realmente e conscientemente com um computador ou com um sistema operacionai de verdade. São (e me incluo aqui) analfabetos funcionais da informática - dependem de sistema que exige autônomia e permissão para fazer tudo no lugar do usuário. E, nesse caso, para muitos, a ignorânica é uma benção - é só seguir os passos: abrir > concordar > next > next > install. O que realmente aconteceu - que permissões foram dadas - não interessa, interessa que está funcionando. Um exemplo: se você é usuário Windows, com certeza tem instalado no computador o browser Intenet Explorer e o Windows Media Player. Esses dois programas estão encrustados e amalgamados com as entranhas do Windows, de maneira que qualquer modificação neles ou sua desinstalação danifica o próprio Sistama Operacional - foi a forma que a Micro$oft encontrou pra enfiar seus produos de navegação na web e reprodutores de mídia (de menor qualidade em relação aos concorrentes, a princípio; essa foi, então, a solução da M$ para vencer a concorrência: embarcar seus produtos no seu SO) garganta abaixo dos consumidores. O pior conseqüência do problema da integração forçada associada ao modelo de permissões que toma todo usuário como incapaz, é que ao navegar na internet, por exemplo, o Internet Explorer aciona o Windows Media Player para abrir os arquivos de mídia como fotos, vídeos ou músicas sem pedir autorização ao usuário ou informá-lo que vai executar o arquivo. Ou seja, mesmo tendo instalado um anti-vírus e um firewall, sua máquina continua vulnerável se os vândalos tiverem disfarçado o vírus, worm ou spyware num arquivo de mídia, como uma simples imagem - se o IE ou o WMP executar, já era...

Mas é possível minimizar esses problemas sem ter que migrar automaticamente para o Linux ou para um Mac. É só deixar de usar o IE, substituíndo seu uso por outro navegador, como o Mozilla Firefox (aliás outra boa pedida é substituir o Outlook Express pelo Mozilla Thunderbird), isso vai evitar a "simbiose malígna" (© Joyce Adriani detém todos os direitos dessa expressão idiomáitica - usado sob permissão, eu acho...) entre o Windows e seus filhotes IE e WMP. Na verdade, também não é má idéia trocar seu media player por algum open source ou pelo Winamp (eu uso, e acho um barato - sobretudo pela diversidade de skins e pela participação dos usuários).

O curioso é que essas soluções para problemas de seguraça e confiabilidade do Windows, que atormentam os usuários dependentes, passam pelo uso de softwares open source. Esse tipo de programa é notoriamente menos vulnerável porque seu código é aberto, suas falhas ficam expostas para todo mundo - não há um proprietário que quer esconder os defeitos de seu produto - , assim todos os usuários podem contribuir reportando bugs e disponibilizando soluções (o tempo entre a identificação de um problema e a disponibilização de uma solução é de no máximo dias, quando não uma questão de horas, enquando um usuário Windows tem que esperar a segunda terça-feira do mês, que é a data da disponibilização das atualizações críticas da Microsoft). Sim, até os céticos têm que reconhecer: dá certo e é mais eficiente.

Se dá certo, é eficiente e é livre, porque parar nos exemplos dados acima? Que tal trocar o suite Microsoft Office pelo OpenOffice (disponível também na versão customizada em português do Brasil - BROffice)? Faz tudo que o M$ Office faz, é mais seguro e é livre, seu único defeito, quem sabe, é não possuir um visual tão atrativo quanto a suite da Microsoft. Na verdade, acredito que pra quase todo software proprietário haja uma versão open source que execute as mesmas funções - pode ser diferente e um pouco alien a princípio, mas isso não é exatamente um problema. E a quetão é que quanto maior no número de usuários, quanto maior o escopo e abrangência das aplicações, maior o número de contribuições e melhorias nos programas. Pesquise e veja que soluções open source exietem para sua área, e o que você pode fazer para ajduar.

De fato, senhores, temos duas virtudes aqui. A primeira, técnica, diz respeito à melhoria do uso do computador e dos recursos disponíveis ao usuário. A segunda é ética. Mesmo o usuário Windows pode ser menos contraventor ao optar por usar softwares livres, e isso pode ser uma porta para se livrar dos grilhões da ignorância e do abuso. Como dizem os rabinos, "não é por não conseguir cumprir um mandamento que vai-se deixar de cumprir outro", da mesma forma nos diz Tiago: "Aquele, pois, que sabe o bem que deve fazer e não o faz, comete pecado" (Tiago 4: 17). Não é intenção do blog ou desse post acusar o usuário de software proprietário fora das normas do contrato de uso - que diz que até a instalação a partir de uma mesma cópia em mais de um computador, sem o pagamento do número adicional de licensas, é ilegal -, antes reconhecemos que o uso anormal é resultado de uma prática comercial abusiva e injusta por parte de muitas empresas de software, o que acaba não deixando opções para o usuário pobre. A questão que aqui colocamos é que há alternativas, e que sua implementação involve uma mudança de hábitos gradual, mas necessária e éticamente inadiável. Resistência nem sempre é ir contra a lei, muito menos cometer mais injustiças - é contrariar o padrão que gera opressão. Para isso, nesse caso, basta boa vontade.

Abraço.


Recomendo enfaticamente a leitura dos artigos de Ricardo Bánffy, que é consultor em TI, usuário e promotor do software livre. Os textos são bastante instrutivos, atuais e acessíveis.

2.8.06

A Batalha do (ou pelo) Pingüim

Sou um entusiasta, e do tipo apaixonado. Apaixonado porque perco o foco, fico parcial e acho que tudo faz sentido a partir daquele "ponto de intesidade". O objeto do entusiasmo se torna uma espécie de buraco negro que captura o olhar. E atualmente estou nesse estado pelo Linux. É, o SO do Linus Torvalds e do Tux. Há um ano entrei em contato com uma distribuição Linux, o Kurumin - que um amigo (o Igor Miguel) instalara em seu PC em dual boot com Windows XP (pra quem não sabe "XP" é um acróstico pra "Xei de Pobrema"). Fiquei muito interessado, passei a ler desesperadamente na internet tudo o que podia sobre o Linux. A hitória do desenvolvimento desse Sistema Operacional é fantástica - e, com certeza, isso me interessou mais que o aspecto propriamente computacional. Sim, porque o Linux se tornou uma bandeira política, ideológica. Primeiro por ser resultado do esforço de desenvolvimento de uma comunidade global, possível por conta do contato a partir da Internet, e pelo ressentimento pelo que o mundo dos computadores se tornara depois que o Império da Micro$oft conquitou 90% dos computadores do mundo, e ninguém podia "brincar" com seus códigos fonte, uma vez que eram o máximo expente da filosofia do software proprietário. Os programadores estavam órfãos. Até que o Torvalds disponibilizou seu "UNIX-like" system (daí o nome Linux: Linus + UNIX).

Bom, há coisas demais na web escritas sobre isso, mas eu recomento a leitura desse open book de Eric S. Raymond, A Catedral e o Bazar (Wikipedia rocks!) - vale muita a pena. O fato é que depois de ler e ficar contagiado pelo "espírito Open Source" (e na trilha acabei topando com os conceitos destruidoramente revolucionário e seminalmente reconstrutores como Copyleft e Creative Commons), baixei e instalei em meu HD o Kurumin 5.0. Uma beleza. Mas aí, ao invés de um paraíso grego, encontrei o Éden pós-queda: dificuldades, linguagem diferente e necessidade de muito trabalho duro. Configurar a internet de banda larga foi um horror, obter ajuda nos fóruns da comunidade custa um pouco, e se seu problema for persistente, é melhor ter um amigo que entenda, porque senão...

Depois não consegui substituir programas, muito menos entender onde as coisas iam parar: a estrutura de diretórios é bem diferente. Comecei a compreeder que eu sou um usuário de mente escravisada pelo Windows way of computing. Tentei um distro nova, meio disconhecida naquela époda, o Ubuntu. Outra maravilha, lindo de morrer e usa o fantástido GNOME como ambiente gráfico. Bom, mas era preciso estudar. E os outros membros da família, com exceção de meu irmão, não estavam muito interessados na migração para outro Sistema Operacional. Pra complicar, meu HD pediu demissão (um Maxtor de 20 Giga muito problemático), e mais tarde a Placa Mãe "morreu". Meu técnico e Bom Samaritando (Robson da Golden Link), me salvou (outra vez) e conseguiu uma Asus novinha.

Acreitei que agora, finalmente, experimentaria os novos sabores oferecidos pelo Pingüim. Pobre André... a placa de rede que vem integrada na Placa mãe (uma Via Rhine) não era detectada de maneira alguma por nenhuma distro... (só pelo Windows), o que impossibilitava a conexão com o modem banda larga externo. Por causa da Internet, então, estou escravizado, ainda, na masmorra de Lord Gates.

Mas incentivo todo mundo a experimentar alguma distribuição Linux voltada para Desktop, em dual boot com Windows. Particularmente, estou (como toda internet) impressionado com a nova versão do Ubuntu, o 6.06 ou Dapper Drake. Muito bonito e funcional - só meu hardware que não ajuda.

Eu continuarei aqui. Se alguma boa alma quiser me ajudar a resolver alguns probleminhas e me oferecer saída desse drama kafkiano (ou seja, quiser me ajudar com o Linux) entre em contato por andretavares@walla.com.

Aqui estão alguns links pra quem quiser baixar as distros:

Ubuntu: oficial e no Brasil (também é possível pedir os CD's que são enviados gratuitamente e sem custo de frete pela Fundação Ubuntu)

Kurumin Linux (distro nacional desenvolvida por Carlos Morimoto)

Por fim, Linux não é fácil, mas é o futuro. Aprendam e se preparem.

Abraço