19.12.06

Chanuká numa tarde cinza

Senhores,

essa semana celebramos Chanuká - hoje é o quarto, quase quinto dia dos oito em que dura a festa. Antes de qualquer outra coisa, Jesus subiu a Jerusalém para celebrar Chanuká - é o que João 10:22 nos relata. E se Chanuká era bom o suficiente pra Jesus, é bom pra mim - e para todo Israel.

Já vão longe os dias em que Judas Macabeu e seus irmãos conduziram uma campanha de guerrilha contra o poderoso exército seleucida do terrível Antioco IV (Epífanes), quanto Israel foi milagrosamente libertada da opressão pagã manifestada por uma modalidade de extermínio bem conhecida do judaísmo: a assimilação.

"Transformemos os judeus em gregos, ou em qualquer outra coisa - assim os venceremos e os calaremos". Disse algum sábio que quando D'us entregou a Torá do Sinai, quando disse "não roubarás", Israel se tornou inimiga de todos os ladrões do mundo; quando disse "não matarás", tornou-se inimiga dos assassinos"; "não mentiras", dos mentirosos; "não adorarás a outros deuses", dos idólatras; e, sobretudo, quando disse "Eu sou o Senhor, único e um" fez de Israel um cálice para estontear as nações.

Parece ser muitos inimigos para uma nação, um povo só. Exterminar Israel fisicamente não era assim tão difícil - sobretudo quando estava sofrendo os castigos da apostasia. Mas o maior problema era fazer calar as palavras que portava. A única maneira seria fazer os portadores trocarem suas cargas por outras, mais convenientes.

Chanuká, portanto, é uma marca de como Israel sobrevive e tem sobrevivido, pela graça de D'us e por Sua Mão; e dos riscos que corre. Gostaria de convidar meus amigos cristãos, crentes piedosos e seguidores do Messias Judeu, a refletir, nesses dias de Chanuká, sobre a legitimidade da expressão (nativa) judaica da fé em Jesus entre crentes judeus e não-judeus que assim queiram proceder; sobre os quase dois mil anos em que judeus tiveram que desistir de sua identidade e herança para serem aceitos na Comunidade do Cordeiro.

Não, senhores, não sou um judaizante. Sou um seguidor de Paulo, ou melhor, de Shaliach Sha'ul, aquele judeu zeloso e irredutível, que levou as Boas Novas e "o Caminho" aos gentios sem requerer deles tornarem-se judeus por conversão, e de Pedro e Judas que acordaram com ele, em Jerusalém, o documento mais "ortodoxamente progressista" da história da teologia, e que está reproduzido em Atos 15.

Apenas é extremamente doloroso, todo ano, relembrar como alguns poucos querem exterminar do mundo a Semente de Abraão - e se não o conseguem de fato, causam dor inefável ao tentá-lo, com o consentimento silencioso e condescendente de tantos.

De maneira nenhuma queremos usurpar a liberdade de outros - pelo contrário queremos partilhar dela, exercendo plenamente o estatuto de nossa condição. Sem as mãos de nosso irmãos gentios só nos restam duas mortes: a assimilação ou a distância trágica do Messias.

Acendamos, então, as luzes da Chanuquía, a Menorá do milagre, plena de óleo divinamente providenciado, celebrando o retorno da Justiça, Misericórdia e Piedade à Casa da Presença, e sua dispensação a toda a Terra - e oremos para que não tarde o dia em que todo o Israel será salvo.

6 Comments:

Blogger Gustavo Nagel said...

André, você tocou num ponto importante: a liberdade. Geralmente a deixam de lado quando o assunto é o relacionamento da tradição judaica com a tradição dos cristãos gentios. O que é uma pena, pois o próprio apóstolo Paulo -- ou Shaliach Sha'ul, como você disse -- fez questão de sustentar, em diversas argumentações, o fim da inimizade entre os povos.

Uma dúvida: o Livro dos Macabeus, da Bíblia de Jerusalém, apresenta um relato fidedigno desse episódio?

Abração.

quarta-feira, dezembro 20, 2006 9:11:00 AM  
Blogger André Tavares said...

São sim - 1 e 2 Macabeus dão um bom relato, vale a pena ler. E a BJ tem bons comentários. Pouca gente conhece a história da dinasta hasmoneana (dos macabeus) - mesmo entre os judeus - que formou boa parte do pano de fundo da história do judaísmo em Israel no primeiro século (o palco do Novo Testamento): da revolta macabéia se estabelecem os saduceus, fariseus e, principalmente, essênios. O próprio Herodes é um desdobramento dessa história: era um idumeu convertido à força nas campanhas de Alexandre Ianai (ou Alexandre Janeu, em algumas versões).

Das festas "menores", Chanuká, com certaza é a maior - em si mesma e em seus desdobramentos.

quarta-feira, dezembro 20, 2006 8:41:00 PM  
Blogger Gustavo Nagel said...

Sim, sim. Da importância desse período eu ouvi falar.

Abração.

quarta-feira, dezembro 20, 2006 10:47:00 PM  
Blogger André Tavares said...

Desculpe, sei que, com certeza, vc conhece o período. Só aproveitei a deixa pra fazer propaganda... ;)
De vez em quando acontece de um comentário virar post... hehehehehe.

quinta-feira, dezembro 21, 2006 11:32:00 AM  
Blogger Gustavo Nagel said...

Ah, rapaz, não há porque se desculpar. :)

quinta-feira, dezembro 21, 2006 12:57:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

"Israel, porém, será salvo pelo Senhor com uma salvação eterna; não sereis envergonhados nem confundidos em toda a eternidade."
(Não seriam envergonhados nem convundidos em época nunhuma, incusive hoje, o que quer dizer que Israel continua sendo o povo eleito). Texto acima: Isaías 45:17

Voce sabia que Isaías 53 não está falando de Jesus ? Eu poço provar.
Jesus tinha filhos ? Se não tinha não podia ter descendentes, mas Isaias 53:10 diz que ele tinha, só este texto para refletir. posso apresentar 70 textos . Quem inspirou o novo testamento (como se D,us precisasse de um) estava sem inspiração ao citar em Mateus 27:1-10 falando sobre a pofecia das moedas , ou do campo do oleiro, dizendo que a profecia se cumpriu e Jeremias, qundo na verdade o único proféta que fala algo semelhante foi Zacarias (cap.11 Meu nome é Benyamin - Joinville - benyaminbenavraham@yahoo.com.br

sábado, dezembro 20, 2008 5:11:00 PM  

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