29.11.06

Transformações climáticas e os efeitos no Brasil

No site brasileiro do Greenpeace está disponível um documentário, com mais de uma hora de duração, a respeito dos efeitos das transformações climáticas no planeta, sobretudo devido ao aquecimento global, sobre o Brasil. Conjugando explicações das causas no âmbito planetário com exemplos e estudos do impacto nos diferentes paisagens brasileiras (sul, centro-nordeste e norte-centroeste), fica terrivelmente claro que o que tem acontecido não são alertas ou indicações, mas padrões climáticos alterados e estabelecidos. A mudança no sistema climático já é uma realidade - e estamos nos aproximando daquilo que os especialistas chamam de ponto sem retorno, ou seja, dali pra frente não haverá recursos nem esforços que evitem o colapso do planeta.

Para ilustrar, podemos citar exemplos presentes no documentários:
  • Na região Sul, um dos eventos mais surpreendentes tomou lugar, quando houve o primeiro registro de furacão no Atlântico Sul - o Catarina - que atingiu a costa do estado de Santa Catarina, supreendendo moradores e autoridades. O Atlântico Sul, até hoje, era considerado como uma espécie de paraíso em termos climáticos, sem eventos extremos - agora, com o aquecimento de suas águas, será um provável palco de fenômenos climáticos violentos. Não existem estruturas civis ou estatais para lidar com essa nova situação.
  • Ainda na região Sul, um estado de anomalia climática faz com que se alternem períodos curtos de chuvas intensas - provocando enchentes e tempestades violentas - e prolongadas e severas estiagens; isso tem arruinado a produtividade agrícula e pecuária, que reverbera por toda a cadeia socio-econômica, colocando em risco a distribuição, qualidade e preços de alimentos, êxodo rural e danos sérios à economia (o PIB do Rio Grande do Sul regrediu por efeito dos prejuízos no campo nos últimos 4 anos).
  • No Nordeste, também por conta do aquecimento do Atlântico Tropical, as temperaturas tendem a atingir picos de 40 graus (onde antes alcançavam 30), e associado com a exploração mineral, da má utilização de parcos recursos hídricos, a destruição da vegetação nativa - a caatinga - aceleram um processo de desertificação do semi-árido nordestino, impossibilitando, vez por todas, a sobrevivência das populações locais, que deverão migrar.
  • As mudanças climáticas afetam de maneira aguda o complexo amazônico: há uma tendência à diminuição da umidade, que torna a floresta (um grande depósito de CO2) ainda mais vulnerável a queidadas, liberando mais gás cabônico na atmosfera, causando mais alteração no clima, baixando a umidade na região da floresta, que fica ainda mais vulnerável às secas e queimadas... um ciclo vicioso. Um dos eventos mais surpreendentes das últimas décadas foi a estiagem que secou rios na maior bacia hidrográfica do mundo...
  • O Brasil é o 4ᵒ maior emissor de CO2 do planeta. Curiosamente, a maior fonte de emissão são justamente as queimadas na florestas amazônica - 75% do total de emissões. Ou seja, nosso maior problema ambiental hoje é a destruição das florestas e vegetação nativa - Amazônia, Pantanal, Caatinga, Cerrado, Mata-Atlântica e Pampas...
A iniciativa do Greenpeace é de grande ajuda ao demonstrar como o problema está no nosso quintal. Kioto e Haiti são aqui...

Nota: agradeço à Lilian Renna pela dica sobre o doc.

2 Comments:

Blogger André Tavares said...

É o mínimo que um humilde blogueiro pode fazer, né? ;)

Abraço.

quarta-feira, novembro 29, 2006 10:31:00 PM  
Blogger André Tavares said...

Olha, isso que vc falou, Marcel, não é tão brincadeira assim. As áreas que sofrerem menor impacto vão se hipervalorizar, a peso de ouro, e serão o paraíso de alguns ricos... quem for rico mesmo, multimilionário, vai se mudar pra lua... isso não é besteira não, sobretudo se na lua houver mesmo água.
Não adianta querer vir pra Nova Lima... extra oficiamente, posso afirmar pra vc que a cidade em que moro, e de que eu gosto muuito, está sofrendo veladamente com contaminação por arsênico... não a ponto de risco humano, acredita-se, direto, mas de risco ecológico: porque uma cidade cercada por matas antigas não tem borboletas? ;|.

quinta-feira, novembro 30, 2006 10:53:00 AM  

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