4.5.07

Vou abandonar este blog, e vos direi por quê

Estou tocando esse blog há algum tempo. Gostei de fazer isso. Ainda gosto. Mas tem uma coisa que me fez pensar no problema de continuar blogando aqui no Blogger. Postei a mensagem abaixo no novo hospedeiro, o Wordpress, e espero que quem lê... [echo]... entenda:

"Eu não sou exatamente novo novato na blogosfera. Mas não sou um veterano, também. Comecei ano passado, acho, via blogger. E achei o máximo. Conheci muita gente que, de outra forma, provavelmente, não conheceria. Achei muito bom quando o Google adquiriu o serviço, e acessá-lo com minha conta Gmail acrescentou enorme facilidade no uso e gerenciamento.

Mas em minha ignorância, não sabia do problema da caráter “closed” do Blogger. E desde que comecei a usar GNU/Linux, passei a prestar um pouco mais de atenção no que significa alguma coisa ser “open”. E foi num FLISOL, no UBUNTU, Uai! (encontro mineiro de usuários de Ubuntu Linux), na palestra do Duda Nogueira, que fiquei sabendo que o Wordpress é a (ou uma) alternativa livre entre os “serviços” de blog.

Ora, se eu esbravejava, meio pueril, em meu blog, sobre as virtudes e necessidades de se abraçar a filosofia Open Source, não me pareceu correto permanecer alheio a essa contradição. O Wordpress, nas palavras do próprio Duda, presta o serviço, é todo em PHP e tem seu código aberto. Ou seja, tanto o serviço Worpress quanto o programa wordpress são abertos - livres.

Não posso abandonar o blogcontrasenso.blogspot.com… ao menos não ainda, porque é o nol mais forte que tenho numa rede de relações. E pode ser a melhor forma de divulgar os motivos que me fizeram recomeçar as coisas por aqui…

Então: olá, mundo livre! [echo…]"


Bom, então, não abandonarei por completo a coisa por aqui... até porque, preciso de uma conta blogger pra participar de outros projetos. Mas fica secundário, acho.

Se você, amigo blogger, ou vc que pensa em ser blogueiro, considere a alternativa Wordpress, ou outra qualquer que seja livre - ou aberta.

Há muitos posts nesse blog falando sobre software livre, e a filosofia livre (alguns chamarão ideologia). Leia, se puder e quiser; saiba que isso não é uma questão de opção do que vc vai usar no seu computador, mas de um padrão de discernimento que precisaremos adotar em cada vez mais questões em nossas vidas, na medida em que os chips, softwares, hardware e as respectivas indústrias que os fabricam, começam a invadir e imergir-se em tudo e todos e qualquer lugar.

Abraço.

Ah!, claro: o novo endereço: www.contrasenso.wordpress.com.

8.4.07

NPP - Edição de Abril


Clique na imagem, que eu estou com preguiça... ;p

Estética da empulhação II

Noutro post com o mesmo título eu havia citado uma entrevista de um diretor de desenvolvimento da Micro$oft® no Brasil à rádio CBN que acabou provocando uma saia justa e constrangimento pro sujeito no instante em que ele próprio, o Dimenstein e a torcida do Flamengo percebiam que o Vista® era um blefe (leia o post, não faz vou repetí-lo aqui, né?). Não passava de maquiagem, silicone e salto alto pra enganar trouxa. Nesse outro post eu também dizia isso - não que eu saiba muito, é só ficar atento a bons blogs e páginas sobre software livre na internet.

Mas eu sou um pirralho e um "sempista" (do inglês clueless - ou ignorante, desavisado, trouxa, jacú... essas coisas. Aprendi isso com o Ricardo Bánffy). Então, agora, eu chamo como testemunha alguém muito mais habilitado que eu. No blog do André Noel, encontro um post avisando (ou denunciando, sei lá...) que há um programa na internet, com o tamanho de meros 30 MB, que instala em seu Windows XP® todos os geri-geris, firulas e pastéis-de-vento que prometem ser a tal experiência total em termos de ambiente gráfico prometidos pela Micro$oft no Vista®.

Isso mesmo, meu caro: o Vista Transformation Pack 6 (pomposo o nome, não?) transforma, a grosso modo, seu Windows® XP num Vista®. E pode ser baixado aqui. Como disse o André Noel: onde mesmo está a tal inovação prometida?

Quer um conselho? Vai, rapaz, ser Ubuntu na vida!

Ah!, e ser Ubuntu na vida não é tão difícil. Até essa anta que vos fala conseguiu (hehehehe):


Ubuntu 6.10, The Edgy Eft
As janelinhas são do XMMS, um player muito bacana (como Winamp, acho),
e a barrinha estilosa (Apple® like) é do Gdesklets... O tema é uma das telas bacanas que vêem no Ubuntu. Legal, não?

26.3.07

Não, eu não estou precisando de um abraço

Eu nunca me meti em polêmicas. Tudo bem, em algumas. Mas tão insignificates, ou estando eu tão distante de seu epicentro, que minhas contribuições não ajudaram a fazer tremer as estruturas nem mais um ínfimo milímetro. Nem mesmo aqui, no universo blogger, onde minha estrela é a menor, cheguei a me meter em disputas. É verdade que houve o caso d'Os Fraldinhas, mas a insignificância dos debatedores prontamente ofuscou a coisa toda.

Meus leitores, se há algum - desconfio que as visitas no contador sejam de servidores varrendo a rede (veja esses dots suspeitíssimos na Indonésia, Irã e EUA...) -, parecem não ver nos textos qualquer ponto digno de nota ou disputa. Tudo bem que, vez ou outra, alguma coisa aparece.


Gostaria, tão somente, de perguntar ao caros leitores:

  • os temas dos posts desse blog são "fechados" e dispensam comentário
  • esse blog tem temas que não merecem comentários
  • esse sujeito não sabe sobre o que quer falar
  • ninguém lê esse blog
  • meudeus! como esse cara é chato...
Digaí. Abraço.

22.3.07

Não é um conto

Andavam sobre dois pés. Levemente curvados, e sempre carregando alguma coisa. Às vezes encontravam outras coisas mais ou menos interessante no caminho - isso na verdade não importava: tudo era monótono, mas momentameamente novidade quando catado... até que percebida a igualdade e inutilidade. Mas o monótono cumpre a função de regularidade.

Caminhar sobre dois pés não era novidade - na verdade não conheciam ninguém que não o fizesse assim. Mas gostavam de se lembrar que podiam fazer isso: qualquer coisa que marcasse alguma semelhança com os demais. Às vezes sonhavam em caminhar como os cães, e rolar na grama serenada. Mas já não havia grama, e sereno era algo muito perigoso: as convulsões não chegavam a matar, mas deixavam muita dor quando passavam.

A dor era por causa dos pés? Se andassem como os cães seriam mais felizes? Mas tentar, outra vez, ser como os outros era uma completa impossibilidade - demorado e terrível demais. E se deixassem de levar coisas? Nem pensar: aí precisariam de casas, e ter casas era dar motivos para precisar andar fugido, e, agora, ao menos, andavam porque queriam. E a casa são as coisas que se carrega. Não há nada para carregar - mas andar sem nada causa mais dor do que aquela dos pés. O melhor é aguentar, e mordiscar os pés como os cães.

As cinco pedras nos bolsos seriam o suficiente pra espantar os malvados. Mas atirá-las era correr o risco de não poder lançar os fundamentos das casas quando isso fosse possível. E, imagine!, ter grama e orvalho e não poder constriuir casa! Que se agüente os malvados, como a dor nos pés. E as pedras não são como as coisas... não são monótonas, mas são sempre as mesmas; como parte que vale como todo: perdê-las era voltar a ser como os cães. Mas não era exatamente isso o que às vezes queriam?

21.3.07

Em boa hora

Tem hora que a gente se desespera, acha que não vai haver jeito. Mas aí aparecem coisas que salvam o dia. Hoje foi essa grata surpresa: o chlog do Nilson Bispodejesus [nota: charge + blog = chlog]. O Nilson é um amigo e um artista de mão cheia - e se revela um chargista agudo. Bom, não vou ficar aqui fazendo elogios e descrições: toca pra lá, rapaz!

A caverna é aqui

O II Encontro Nacional da Rede Brasileira de Cosmovisão Cristã e Transformação Integral, em julho de 2006, foi particularmente prolífico. Tivemos conferências extremamente interessantes, como a ministrada por Andrew Fellows (elder de L'Abri Inglaterra) sobre fantasia e imaginação na atualidade como manifestação presente dos esquemas de pensamento idólatras e icônicas. O ídolo pretende encerrar a realidade última e causa primeira da realidade em sí mesmo, mesmo sendo criação - ou seja, usurpa o lugar do Criador -, e produz fantasia, que é o deslocamento e distanciamento da realidade.

Por sua vez, o ícone, justamente por saber que sequer pode conter a realidade última e causa primeira, faz somente remeter ao Criador, presentifica a idéia por um símbolo, apontando para além ao invés de tentar capturar a mente de quem olha. A atividade mental que gera é a imaginação, uma disposição de pensar para além dos estados atuais, mas enraizado na própria realidade, coerente e disposta a lidar com ela.

A importância desse esquema é fornecer categorias importantes para o julgamento da coerência da mensagem cristã contemporânea. Um cristianismo incapaz de lidar com a realidade só pode gerar alternativas escapistas por meio de fantasias que produzem representações não meramente equivocadas, mas enganosas, mentirosas e malígnas sobre a condição humana. Só pode oferecer um estado de entorpecimento e semi-consciência para os que ainda estão "encarnados" até que se livrem do clausura do corpo e ascendam à realidade superior da vida nos céus celestiais; e se antes, ao menos, o que se propunha era uma resistência ascética a qualquer prazer irracional mundano (vide A festa de Babette), que toma a vida terrena como ante-sala da eternidade e repleta de pegadinhas e armadilhas desclassificadoras, hoje apregoa-se o contrário ao melhor estilo comamos e bebamos, pois amanhã seremos perdoados. Essa religião faz somente produzir ídolos, é caidamente dos homens, pois este em seus estado natural é fabrica idolorum - fábrica de ídolos.

Isso é o que Darrow Miller, schaefferianamente, chamou de gnosticismo evangélico.

Contrariamente posiciona-se a imaginação. Numa mente restaurada pela revelação, ciente da veracidade da tríade criação-queda-redenção, encontra-se o conhecimento da natureza e propósitos iniciais da criação, da realidade da queda, a capacidade de avaliar seus efeitos e distorções, e esperança e graça para restaurar todas as coisas para um D'us que a tudo criou e que, em seu Filho, a tudo consigo reconciliará. É, também, capaz de avaliar e projetar, presentificar ao invés de ausentar por fuga. A imaginação celebra a criação por causa do Criador, fixa os pés na realidade por saber que é em propósito boa. Sobretudo: sabe que queda e criação não são equivalentes.

O problema é que isso exige discípulos despertos, ativos, construtores e envolvidos em todas as esferas da vida - porque todas devem ser rendidas à Soberania de D'us. No nosso caso, brasileiro, exige a desconstrução de boa parte de nosso evangelicalismo. Exige que a "fina camada escura que cobre a realidade", as ideologias, como diria Marx, seja levantada revelando toda a tristesa, deformação, queda e pecado, mas ao mesmo tempo revelando a beleza divina do Evangelho que é Verdade Total (referência o excepcional livro de Nancy Pearcey) de e para toda a realidade (não somente um conjunto de verdades religiosas, como disse Schaeffer) capaz de transformar e santificar - e essa beleza só se manifesta na medida em que transforma, na medida em que toca o terror de nossa situação, se revela ao operar, ao fazer, e não na mera conteplação.

Isso quer dizer que a Vontade Divina é a redenção de todas as coisas. Logo o Evangelho é remédio para todos os males, potente o suficiente para curá-los todos. O engraçado é que isso, ao invés de trazer esperança e alegria, em muitos provocou e provoca revolta. No que Olavo de Carvalho e outros chamam de típica atitude pessimista, depressiva e ressentida dos brasileiros, levantou-se a acusação de que esse tipo de pregação pretende dizer que um certo grupo, de posse dessa "narrativa", detém conhecimento e poderes para resolver e consertar o mundo. Cunhou-se até termo jocoso: Genebra intelectual.

Ou seja, pra certas gentes tupiniquins (e não são poucas), a verdadeira posição dos filhos de D'us é o lugar da derrota, resignação e apatia. A Igreja de um Evangelho poderoso assim é escandalo para esses ouvidos. É uma espécie de Império, de bushismo ou chauvinismo religioso e intelectual. A antítese em relação à mente mundana é fundamentalismo, portanto, mas a síntese simbionte com o século é piedosa e própria da atitude cristã... patético.

Sinceramente, nessas horas, eu não sei bem o que fazer. Talvez, se não me restassem esperanças, fizesse eu como Stefan Zweig, que após escrever que o Brasil era o país do futuro meteu uma bala na cachola. Com cristãos assim, quem precisa de perseguidores? E o que é mais triste: saber o que vai acontecer com quem enterra os talentos, esconte as lâmpadas e enganam os pequeninos.

Lembra do que aconteceu com o camarada que fugiu da caverna quando voltou pra falar com os companhiros na fábula de Platão?

20.3.07

Estética da empulhação

O diretor de desenvolvimento da Micro$oft® Brasil foi entrevistado pela rádio CBN por ocasião do lançamento do Windows Vista®. Era um entrevista de estúdio. O âncora, não me lembro se era o Dimenstein, soltou de cara: quais são as novidades no Vista®? E a resposta veio rápida e seca: temos uma nova interface gráfica... [silêncio]. Segunda tentativa: sim, mas quais são as novidades, as novas ferramentas? (...)bom, as novidades são tantas que só experimentando é que o usuário saberá. [silêncio constrangedor, fim da estrevista].

Isso aconteceu, e posso ter me esquecido de algum detalhe (como dizia o Glauber, a memória é uma ilha de edição). Ok, eu não vou falar sobre software livre, ou GNU/Linux, ou descer o cacete no Windows® ou na Micro$oft®. Já não preciso fazer isso. O fato é simplesmente ilustrativo - e se aconteceu com um executivo da empresa do Bill, que farei eu?

Mas é isso, em maior ou menor grau, o que acontece em nossos dias. Num sistema social em que todas as disputas importantes são decididas por uma tecnocracia pretensamente isenta, em processos cada vez mais ocultados dos cidadãos, não há que se saber como as coisas funcionam, quem controla as catracas e onde os esqueletos são guardados: o que todo mundo quer saber é se o resultado é bonitinho. Leia-se politicamente correto. E uma ocupação cada vez mais requisitada por aí é o maquiador de resutados.

A coisa funciona mais ou menos assim: toma-se um tema que já está presente e altamente considerado pelas pessoas - como uma política social de inclusão. Apresenta-se o diagnóstico, problemas e desafios, segue-se a esposição do projeto, metodologia, metas, benefícios. Posteriormente, editam-se gráficos, books, filmes e vídeos belos e empolgantes de como a comunidade ou segmentos foram transformados.

Correto em todos os pontos: motivação, projeto, método, execução e resultados. Tudo bonitinho.

E ninguém, obviamente, sabe como as coisas funcionam. Quem alimenta o esquema, quem o orienta, o corpo de executores, a propriedade e pertinência... e questinar qualquer desses pontos é imoral, deplorável e criminoso. Como se o motivo a tudo justificasse e redimisse quaisquer erro ou descaminho.

Acredito que o leitor já reconhece o esquema em sua expressão real.

Como no caso dos sistemas operacionais computacionais, desinformação associada com um julgamento por critérios estéticos, de gosto - subjetivos, pessoais e "intraduzíveis" - resultam em vulnerabilidade, poderes ocultos, desrespeito, medo, cerceamento de liberdades e ineficiência.

Saber como as coisas funcionam significa conhecer as entranhas, as sujeiras, viscosidades, odores e coisas dessa espécie; significa expor. Da mesma forma que ninguém em sã consciência prefere cobrir um ferimento com bandagens, cremes e maquiagens para recompor o aspecto sadio ao invés de tratamento médico com seus bisturis, iodo, agulhas tesouras e pontos, a atitude de relegar o que importa a não se sabe quem e apenas requerer as amenidades decorativas é um descaminho, imbecilidade.

Que bombas que nada! Para destruir o mundo basta transformar tudo em entretenimento: apaziguam a alma e desligam a mente.